segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mais uma antes que eu vá

Se te deixo sem palavras,
o meu nome é gozo
Se provoco raiva sem rancor,
o meu nome é hoje
Se eu te fizer sorrir,
sou a memória que não parte
Se teu coração bate forte agora,
me sinto meio enfarte

Na vida, alguns simplesmente vão,
e outros nada fazem ao ficar
Na física sem vida,
ninguém ocupa o meu lugar

E eu que sou impossível de clonar,
uso o meu nome como argumento

sábado, 22 de dezembro de 2012

Enquanto não vejo a praia em cores


O dia seguinte

Pois é, o mundo não acabou.
Se ontem você mandou o seu chefe a merda, ou transou com alguém que você nunca transaria, ou ainda estourou o limite do cartão de crédito, você criou uma mudança.Tenha calma. Isso também não é o fim do mundo(!).  É claro que não foi com a melhor das atitudes, mas  você fechou um ciclo. Para os Maias o fim do mundo nada mais é do que um fechar de ciclo. Então agora, temos a chance de começar um novo, deixando as más atitudes para trás e tentando melhorar.
Na verdade, acho que tudo isso foi uma armação do destino pra que a gente possa melhorar o nosso mundo. Não há necessidade de um asteróide cair por aqui pra gente poder recomeçar. O lugar comum é que cada um tem que fazer a sua parte da melhor forma possível. Afinal, melhor não arriscarmos destruir o nosso mundo, né? Ele é único.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A beleza que inspira

As mulheres lindas são terríveis contradições,
de desequilíbrio da mente masculina,
até a harmonia num quarto com roupas pelo chão.

A minha sina é toda por sensações
e só a minha mente acha que tenho escolha.
Mas nesse mundo de crueldade em 3D,
minha visão escorrega em toda curva escorregadia.

Um artista não escolhe o que é,
só procura a beleza, e a beleza o quer.
Convivo assim com visões, alucinações torturantes,
e agora eu quero vê-las.
Deixo para lidar com minha mente, 
depois.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Capítulo II

"Foi só um comentário! Não queria atrapalhar a sua leitura interessante!", ele respondeu em tom irônico.
"Bom, pra responder eu tive que parar de ler pra não parecer mal educada!", ela devolveu no mesmo tom.
"Tudo bem, eu assumo que fui mal educado se você me disser sobre o quê é o livro!"
"Não! Esse papo não tem nada a ver com educação! Você só começou o assunto porque eu sou mulher e estava sozinha! Uma mulher não consegue ficar em paz, sozinha, em lugar público, lendo um livro, que sempre aparece um cara..."
"Não necessariamente! Eu só puxei assunto por causa da chuva que parece que não vai parar tão cedo!"
"Você não teve tempo pra pensar em tudo isso! Foi o seu instinto de macho!"
"Não, foi só um comentário... Posso compensar te pagando mais um café!"
"Olha aí, o instinto de macho de novo! Se eu aceito o café, o papo vai se prolongar mais ainda!"
"Bom, o macho vai esperar a chuva passar aqui mesmo! Você parou de ler e a gente continua conversando, apesar de eu ter feito só um comentário..."
"O que você tem que entender é que esse comportamento de macho não é obrigatório!"
"Eu não estou te forçando a falar comigo! Mas, por que não conversar?"
"Você  é do tipo que puxa papo na fila do banco?"
"Não!"
"Nem com mulher?"
"Que fixação feminista!"
"Ainda acho que você começou o assunto porque eu sou mulher!"
"É verdade! Eu queria descobrir se você é uma dessas mulheres que têm os músculos faciais super desenvolvidos de tanto falar!"
"O quê?"
"Brincadeira! Eu sou professor de educação física! Gosto de músculos, mas não a esse ponto! E você, faz o quê?"
"Psicóloga."
"Então, está me analisando?"
"Não podia fazer um comentário mais original? Isso é tão batido..."
"Quando você conhece um dentista, não acha que ele fica analisando a sua boca? É igual!"
"Você não seria meu objeto de estudo!"
"Então, não está me analisando?"
"Esse é o risco de se falar com estranhos!"
"E então?"
"Você nunca vai saber!"
"Se você começar a ir fundo no assunto, quem sabe..."
"Eu só queria ir fundo no livro, mas agora acho que não dá mais, né?"
"Sobre o quê é o livro?"
"Não importa!"
"Você tem sombrinha?"
"Não!"
"Está de carro?"
"Também não importa! Vai insistir?"
"Na conversa? Vai sair correndo na chuva? Já estamos conversando há algum tempo!"
"Eu posso estar mentindo sobre tudo!"
"Ainda não me contou nada sobre você! Além disso, mentira acontece direto em salas de bate - papo na internet, e mesmo assim as pessoas  se arriscam. A vantagem aqui é que eu sei que a sua foto é real!"
"Isso não melhora as coisas!"
"Não acho que estejam ruins! Imagine que é uma consulta e o meu caso é interessante. Ah, e essa minha primeira consulta é de graça!"
"De graça? Então, o assunto vai mesmo acabar aqui!"
"Bom, se você sair correndo na chuva, não vou cobrar pelos meus serviços como instrutor de atletismo!" 




  


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Capítulo I

Quando ele chegou na porta do café, olhou pra dentro e viu que apenas ela estava ali. Parecia que havia chegado há muito tempo porque a sua xícara de café já estava vazia. Além disso, ela tinha os olhos baixados sobre um livro grosso, o que dava àquela cena um aspecto de que muito já havia se passado.
O café era muito pequeno com apenas seis mesas e três banquetas para quem quisesse ser servido no balcão. Tinha uma das paredes espelhadas pra dar ao lugar uma dimensão maior. Ele olhou pra ela ao entrar, mas ela não desgrudou os olhos do livro. Ele escolheu uma cadeira que ficasse de frente para a parede espelhada. Só quando ele se sentou, ela ergueu os olhos como que para se certificar que alguém havia realmente chegado. Ele não percebera que ela havia olhado para ele porque o movimento fora muito discreto, e ele tinha os olhos no cardápio sobre a mesa. O atendente veio até ele para pegar o seu pedido. Ele pensou um pouco e pediu um cappuccino. Na verdade, ele sempre parecia fingir que pensava um pouco quando estava num café, e no final, sempre se decidia por um cappuccino. Quando o atendente voltou para trás do balcão, ele olhou de novo para ela pelo reflexo no espelho. Ela continuava lendo, como se ele não estivesse ali. Ficou tentando ver qual era a capa do livro, o seu nome, se contorceu um pouco, mas não conseguiu. Ela pareceu se incomodar com os movimentos dele e, então, olhou rapidamente para o espelho. Ele estava um pouco desajeitado na cadeira e, meio sem jeito, acenou com a cabeça. Ela apenas baixou os olhos novamente e continuou a ler.
Lá fora, o som de um trovão muito distante anunciava a chuva que, segundo a meteorologia, deveria ter chegado na semana anterior. No mesmo instante, chegou o cappuccino dele. "Finalmente vai chover", ele disse para o atendente. "Parece", foi a resposta do atendente que parecia não suportar mais falar sobre o tempo com os clientes. "Mais alguma coisa?". "Não, obrigado!"
A chuva despencou com força no teto do café, tendo alguns trovões esporádicos para aumentar o barulho. "Até que enfim, agora o tempo vai refrescar", ele falou meio que pra si mesmo, meio em voz alta. Ela olhou para o espelho, depois olhou porta afora pra chuva e balançou a cabeça. Percebendo essa reação dela, ele emendou: "Estamos precisando de chuva. Se não tem chuva, não tem café!", e levantou a taça de cappuccino em direção ao atendente que, ocupado em lavar xícaras, nem olhou pra ele.
Ela, percebendo a provocação, voltou a ler o livro, mas já sem conseguir se concentrar. "Esse livro parece ser bem interessante", ele disse, tomando um gole do seu cappuccino. 'Não acredito', ela pensou já sem paciência. 'Vou ter que responder!' Ela fechou o livro e virando pra ele falou: "O livro é muito interessante... pra quem está lendo!"  

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O silêncio

O mundo está cheio de som.
E nos entremeios, o silêncio.

Nem todo som é como música.
Nem todo som deve soar.
O silêncio é parte da música.

O silêncio é como desmaiar.
Dormir é repleto de sons.
Morrer tem o som do eco.

Eu desmaio, mas  eu volto.
Eu faço silencio, mas volto.

Inicio a ouvir o meu coração.
Acaba o silêncio nessa hora.
Eu volto a me encontrar.

O Natal e os brinquedos possuídos


sábado, 8 de dezembro de 2012

Envolver-se

A responsabilidade é para mundos artificiais.
Criamos uma cela com fechadura
e muitas pessoas têm posse da chave.
Antes eu andava com o cabelo ao vento;
hoje o vento tem outro propósito.
Me envolvi com pessoas no caminho
que não eram o objetivo; eram o caminho.
Nem todo aperto de mão tem valor,
mas a intensidade do aperto depende de você.

Estou em um aperto de muitas mãos.
Todos querem me tocar de alguma forma.
Sem poesia ou com poesia,
eles me mandam mensagens e sinais.
Eles mandam em mim da forma afetuosa
que faz com que a pressão seja chamada de intimidade.
Eu ainda posso andar ao vento,
mas não posso controlar a direção em que ele sopra.
Existem muitas pessoas soprando a resposta ao vento.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Prestes a chover


Falso pudor é uma coisa... falsa!

Eu sei que você não toma banho vestida... Suas roupas são como a embalagem da carne do açougue: ninguém quer mais papel do que conteúdo. Nada esconde de você mesma o tamanho da sua libido. E na hora do banho você se... toca!
Seus filhos podem ter sido obra divina. Como queira. Mas você ficou feliz em poder contribuir fornicando.
A roupa pode nos proteger quando se treme de frio. Mas não influencia em nada quando se treme de tesão.
Posso falar de qualquer coisa suja que ainda vai ser pouco. Posso falar de uma boceta úmida, por exemplo. Mas nada se compara a ficar úmida. É a realidade incontrolável.
Não adianta fingir. Ou melhor: fingir o orgasmo ainda faz mais sentido do que fingir que ele não existe.

Quebra-cabaço


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cansaço

Cansado.
O calor faz suar e depois seca o suor.
As pessoas falam bem, mas desaparecem.
O caminho que eu conheço é o mesmo hoje.
O beijo é úmido, mas não hidrata sentimento desértico.

Exausto.
Escrevi poucas linhas e elas não gritam.
Eu tenho força, mas me escutam com fraqueza.
Sou fraco como cavaleiro sem a espada.
As cenas do filme se repetem e ele não é o favorito.

As conversas mais incríveis são raras.
Os orgasmos são só momentos.
Os chocolates têm prazo de validade.
A rotina é dor sem pontadas...



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Além do samba


Já que estamos aqui

Eu sou o mesmo 
Mas as rugas se desenvolveram
Aquelas expressões todas já expressadas
Levam a algum lugar
Não sei se elas chegam
Mas eu vou
Porque o destino de quem vive é ir
Querendo ou não

Mudei como eu  me sinto
Não há colágeno eterno
As máscaras se desgastaram
Mas os mesmos sentimentos ainda guiam
Fantoche do coração
Manipulado pelas artérias dos membros
Até a letargia é vida que incomoda
Querendo a cabeça ou não



Ódio feminino


domingo, 2 de dezembro de 2012

Não estou sozinho: estou com o meu celular!

O celular parece um amigo provisório, quando as pessoas estão sozinhas, porque elas parecem disfarçar a solidão com ele. Basta chegar em algum lugar sozinho, sacar o celular e começar a apertar algumas teclas. Ninguém sabe o que você está fazendo, e mesmo sozinho é você que parece alheio as pessoas enturmadas a sua volta. Dá sempre a impressão de que você está esperando alguém que está atrasado e está mandando uma mensagem pra pessoa. E é claro que isso pode realmente estar acontecendo. Ou parece que a sua página na rede social está super interessante. E realmente pode estar. Mas a verdade é que o celular funciona como uma espécie de biombo do tipo: "Não se preocupe comigo que eu estou bem acompanhado!".
Não importa: em tempos em que se constroem amizades à distância, você tem o direito de fingir que se comunica entre estranhos. Afinal de contas, mesmo sendo impessoal a comunicação virtual é uma realidade.

PS: Esta postagem foi escrita enquanto eu estava num bar em que conhecia ninguém.